Choro durante todo o trajeto de volta no trem. Tento de tudo para pensar em
outra coisa. Na estação, num acesso de fraqueza, compro a revista que fala de
gordura localizada e dos tratamentos de desintoxicação das celebridades. Nunca
entendi como se pode escrever um artigo sobre crianças que não têm o que
comer e, na página ao lado, enfileirar top models em carros luxuosos divulgando
a excelência de roupas estúpidas, impossíveis de serem usadas, cujo preço
representa seis mil anos de salário dos pobrezinhos, que vão morrer antes de
poder vesti-las. Quem somos nós para aceitar isso?
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